20 de agosto de 2011

NÃO BASTA APAIXONAR-SE

“O que mais que ela quer? Ele quer demais!”

        São duas frases que apontam para uma relação em perigo. Em algum lugar aprenderam de alguém uma noção errada de casamento. Amavam-se de paixão e por conseguinte, seu casamento daria certo. Os ajustes viriam com o tempo. Só esqueceram de aprender que entender-se é tão fundamental quanto desejar-se. Alguns programas de televisão andam passando ao povo a errônea noção de que ser bom de cama é o mesmo que ser bom parceiro. Mas casar-se é mais do que saber fazer sexo ou dizer palavras bonitas na hora do bem bom. Tem que saber fazer bem as outras coisas do casamento para construir uma família feliz. Tem que ser capaz de não perder o respeito quando alguém discorda. Tem que saber brigar sem levantar a voz. Tem que saber ficar quieto na hora certa para não piorar a relação. Tem que saber perdoar logo. Tem que controlar o ciúme burro, abestalhado e doentio que martiriza qualquer pessoa. Tem que aprender a não dominar porque não casou com um bichinho de estimação. Por mais “gato ou gata” que sejam, são pessoas e não animais domesticados. Sem ouvir o outro e sem respeitar o universo de um e de outro não há casamento que dure.
        A palavra ‘desempenho’ virou moda. Cobram dos dois um bom desempenho sexual, o que é certo, mas deveriam cobrar também um bom desempenho afetivo, espiritual e social porque é disso que se vive 24 horas por dia. Não consigo escapar à impressão cada vez que ouço os entrevistados na televisão a falarem de seus amores, de que se baniu a palavra “espiritualidade” do relacionamento conjugal. E é uma pena, porque quando apenas os corpos se casam e as almas ficam em segundo plano, fica faltando o essencial. O casamento é mais do que um encontro de corpos. A impressão que fica é que muitos casais não sabiam disso quando assinaram aquele papel. Ao direito de dormir juntos corresponde o dever de sonhar e caminhar juntos. Dormir juntos é bem mais fácil do que pensar e caminhar juntos. Por isso há tantos divórcios e separações. Comeram demais as guloseimas e agora não engolem a refeição.
Pe. Zezinho, scj

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